Câncer de mama triplica em mulheres jovens:
Pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia mostra que, de raridade, casos passaram a freqüentes.
Pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia mostra que, de raridade, casos passaram a freqüentes.
Em três anos, triplicou o número de mulheres que ainda nem completaram 40 anos, mas já foram vítimas do câncer de mama. Os dados são da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e mostram que, em 2003, a incidência desse tipo de tumor nas mais jovens era de 5,6%. De raridade, os casos passaram a ser recorrentes e, no ano passado, esse grupo passou a representar 16,8% das ocorrências da doença. O estudo foi feito com pacientes de todo País e acompanhou 315 mulheres. Além da convivência precoce com a doença, o novo perfil da incidência preocupa o presidente da SBM, Diógenes Baségio. “Os tumores em mulheres abaixo de 40 anos são, na maioria, muito agressivos e com chances aumentadas de apresentarem recorrência”, explica ele, responsável pela pesquisa. Ainda não há um mapeamento conclusivo sobre as causas do aumento de câncer de mama nas mais jovens. No entanto, os especialistas acreditam que o crescimento explosivo estaria relacionado à mudança de hábitos do sexo feminino.“Elas fumam mais hoje, casam mais tarde e, por isso, tomam anticoncepcionais por mais tempo. Estão bem mais estressadas atualmente. Todos esse fatores podem influenciar”, afirma o superintendente do Hospital Municipal do Tatuapé, Amaury Zatorre Amaral, unidade de saúde que, no mês passado, começou a realizar reconstrução mamária em vítimas do câncer. Quando o espelho de Elenice de Souza Silva e Santos refletia os indícios fortes do câncer de mama, ela ainda era considerada uma raridade para a medicina. O seio esquerdo era muito maior do que o direito. No auto-exame, sentia o caroço. Em 1997, no auge dos seus 38 anos, não era comum mulheres tão jovens desenvolverem a doença. “Ainda mais porque eu não tinha o perfil. Não fumava, não tinha casos na família e nem tomava hormônios. Tinha dois filhos e amamentado os dois”, lembra. O diagnóstico, entretanto, deu positivo para o câncer. A retirada da mama foi necessária, além das sessões de quimioterapia. Só há dois anos, um sinal da genética apareceu. A mãe de Elenice também teve tumor maligno na mama. De acordo com Sérgio Melo, diretor da Unidade de Tratamento do Câncer de Mama do Instituto Nacional do Câncer (Inca), esse tipo de tumor tem como característica não possuir uma causa específica. “ Para ter risco de desenvolver câncer de mama, basta ser mulher”, diz.
ALERTA
Se por um lado as mulheres aparecem cada vez mais cedo nas estatísticas do câncer de mama, por outro, os números absolutos, projetados pelo Inca, servem de alarme para as paulistanas de qualquer idade. O último balanço mostra que a capital fechou 2006 com 6.080 novas notificações da doença, uma incidência de 100 novos casos para cada 100 mil mulheres. A marca fez o Município ter a terceira maior taxa de câncer de mama do País, perdendo apenas para Porto Alegre e Rio, nessa ordem. No Estado, o total de novos casos foi de 15.810, mas o diretor do Centro Estadual de Referência da Saúde da Mulher, Luiz Henrique Gebrin, afirma que “acolhemos pacientes vindas de todos os locais do Brasil. A referência nacional também implica mais atendimento.”Gebrin ressalta que as mulheres mais jovens estão procurando mais a rede de saúde, o que faz os números subirem. E a detecção precoce aumenta as chances de cura. (Por: Fernanda Aranda - O Estado de S. Paulo).
Nenhum comentário:
Postar um comentário